PRÓTIDOS
Composição
Estrutura proteíca
Aminoácidos
Estrutura e isomeria
Estrutura geral de um aminoácido
Os aminoácidos são designados pelas primeiras três letras do seu nome em inglês, com excepção de quatro deles, a Glutamina (Gln), a Asparagina (Asn), a Isoleucina (Ile) e o Triptofano (Trp), conforme se representa no Quadro seguinte.
Noutra perspectiva, as proteínas podem ser classificadas em simples e conjugadas. As proteínas simples, quando hidrolisadas, só libertam aminoácidos. Pelo contrário, as proteínas conjugadas são formadas por uma parte polipeptídica (apoproteína) e por outra de natureza não proteica (grupo prostético) .
Glicoproteínas |
Glúcidos |
Lipoproteínas |
Lípidos: |
Nucleoproteínas |
Ácidos nucleicos |
Hemeproteínas |
Heme |
Metaloproteínas |
Fe, Cu, Mn, Mo, Zn |
a) Estrutura Primária
Designa-se por estrutura primária, a sequência dos aminoácidos constituintes da cadeia ou das cadeias polipeptídicas de uma proteína.
Essa sequência, como se sabe, é determinada geneticamente, por ser a expressão da informação consubstanciada pela sequência de nucleótidos de um gene do DNA.
A partir de que dimensão, uma cadeia polipeptídica poderá ser considerada como uma proteína? O limite é puramente convencional. Habitualmente considera-se que a partir de 80 a 100 resíduos, se trata de uma proteína. Contudo, a verdadeira diferença reside na função biológica.
b) Estrutura Secundária
As ligações covalentes do Ca, quer com o grupo amina, quer com o grupo carboxilo, são susceptíveis de sofrer rotações, conferindo deste modo às cadeias polipeptídicas grande liberdade para adquirirem conformações tridimensionais variadas. Contudo, dada a espontaneidade com que se estabelecem pontes de hidrogénio entre o oxigénio do carnonilo de algumas ligações peptídicas e o hidrogénio do grupo amina de outras ligações, a referida variedade tende a estabilizar-se nos dois modelos de estrutura tridimensional, mais frequentes: a hélice a e a folha pregueada b.
A hélice a forma-se quando as rotações se operam no mesmo sentido; a folha pregueada b, quando as rotações têm, alternadamente, sinal contrário.
Enzimas
Função catalítica
Para que uma reacção ocorra espontaneamente, é condição necessária, mas não suficiente, que a variação de energia livre seja negativa ( DG< 0). Por exemplo, a gasolina possui um DG de oxidação muito negativo; todavia mantém-se estável em presença do ar. Para reagirem, a maior parte das moléculas precisam de ser activadas. No caso da gasolina, a chama de um simples fósforo fornece a energia de activação necessária. De um modo geral, a energia térmica acelera as reacções, aumentando a agitação molecular e, consequentemente, a frequência de colisões entre as moléculas reagentes.
Uma via alternativa para acelerar uma reacção, consiste em fazer baixar a energia de activação necessária. Essa é, genericamente, a função dos catalisadores.
Na biosfera, porém, as reacções não podem efectuar-se a temperaturas elevadas e a maior parte delas exige a intervenção de catalisadores orgânicos, designados por enzimas. Contrariamente aos outros catalisadores, os enzimas são altamente específicos dos substratos e das reacções em que estes intervêm.
Energia de activação de algumas reacções catalisadas
Reacção |
Catalisador |
|
Decomposição de H2O2 | nenhum | 18,0 |
Platina coloidal | 11,7 |
|
Catalase | <2 |
|
Hidrólise da caseína | H+ | 20,6 |
Tripsina | 12,0 |
|
Hidrólise da sacarose | H+ | 25,7 |
Invertase de levedura | 11,0 |
Características moleculares dos enzimas
Os enzimas são proteínas globulares, geralmente conjugadas. Nestes casos, as substâncias associadas aos enzimas recebem designações diferentes, consoante as funções que desempenham no processo catalítico: coenzima, cofactor ou grupo prostético.
Os coenzimas são substratos particulares que, como tal, se transformam no decurso da reacção. Geralmente são transportadores de radicais. Por exemplo, o NAD+ é um coenzima associado a muitas desidrogenases, transformando-se em NADH durante o processo catalítico, por captação de dois electrões e de um protão (ver glicólise, por exemplo).
Grupos prostéticos e cofactores são termos empregues para designar substâncias não proteicas que se ligam à componente proteica (apoenzima), de forma mais ou menos firme, e participam activamente ao nível dos centros activos dos enzimas, quer na formação do complexo ES, quer na catálise propriamente dita. Como exemplos, podem referir-se diversos iões metálicos. Os enzimas que contêm iões metálicos como grupos prostéticos, designam-se por metalo-enzimas.
Características da catálise enzimática
A acção enzimática é altamente específica do substrato e da reacção em que este intervém, isto é, a uma determinada reacção em que intervém um substrato, corresponde um enzima particular.
Tal significa que as enzimas actuam:
a) sem se encontrarem alteradas no final da reacção;
b) sem modificarem as condições termodinâmicas de uma determinada reacção (uma reacção que seria termodinamicamente inviável, não passará a poder realizar-se por acção de enzimas);
c) sobre a cinética das reacções, incrementando enormemente a velocidade, o que poderá tornar possíveis, reacções que, de outro modo e à temperatura dos seres vivos, seriam tão lentas que, para efeitos práticos, não chegariam a ter lugar;
d) especificamente sobre o binómio substrato/reacção: o mesmo substrato, podendo ser objecto de várias reacções, cada uma será catalizada pela sua própria enzima.
Mecanismo da catálise enzimática
O mecanismo da catálise enzimática, na sua expressão mais simples, compreende a formação de um complexo enzima-substrato, ES, altamente específico. A especificidade enzimática levou Fisher (em 1894) a enunciar o princípio segundo o qual a enzima está para o substrato, como a chave está para a fechadura.
S + E --> ES --> E + P
em que E representa a enzima, S, o substrato e P o produto da reacção
Para que tal suceda, as moléculas de substrato fixam-se em locais específicos da componente proteica do enzima, os centros activos, por intermédio de ligações lábeis. Os centros activos compreendem regiões responsáveis pela ligação ao substrato, sítio de fixação, e regiões que catalisam a reacção. Só um pequeno número de aminoácidos constitui o centro activo. Uns serão responsáveis pela fixação do substrato (aminoácidos de ligação); outros, pela transformação do substrato (aminoácidos catalíticos).
A especificidade do enzima resulta assim, em definitivo, da conjugação de diversos factores, designadamente da complementaridade da configuração do centro activo relativamente à molécula do substrato, mas também do lote dos aminoácidos que compõem o centro activo, e da sua disposição relativa. Portanto, as características dos centros activos conferem-lhes a capacidade de descriminar entre compostos com configurações moleculares semelhantes.
Os enzimas podem possuir um ou mais centros activos em cada molécula.
No modelo chave e fechadura de Fisher, a molécula enzimática seria estática. Sabe-se contudo hoje que assim não é e que a função enzimática tira proveito, na maioria dos casos, das propriedades de flexibilidade da estrutura proteica. Koshland é um dos responsáveis pelo modelo encaixe induzido, o qual pressupõe que
a) importantes alterações na estrutura das moléculas de enzimas podem ser induzidas por ligação a pequenas moléculas;
b) a função catalítica está dependente de uma exacta orientação dos grupos catalíticos do centro activo;
c) os substratos são capazes de induzir essa orientação, enquanto que os não-substratos são incapazes.
Duas situações diferentes, que se verificam em enzimas poliméricos (com estrutura quaternária) ilustram o modelo de Koshland: os efeitos cooperativo e alostérico.
Para simplificar, tomemos como exemplo, um enzima dimérico: constituído por dois monómeros idênticos, cada um detentor de um centro activo. Pode acontecer que os monómeros se comportem independentemente um do outro, não se influenciando mutuamente. Sucede, todavia, com frequência, que a ligação de uma molécula de substrato a um dos centros activos, induz uma alteração estrutural não apenas local, mas que se transmite também ao outro monómero, nele produzindo uma alteração da configuração do centro activo que o torna mais favorável à fixação do substrato. Deste modo a fixação de uma primeira molécula de substrato facilita a fixação da segunda. Este fenómeno designa-se por efeito cooperativo.
Efeito cooperativo
Em diversos outros casos, os enzimas são susceptíveis de assumir configurações alternativas, activas e inactivas, consoante se encontrem ligados, ou não, a uma pequena molécula. Este fenómeno, que se designa por efeito alostérico, desempenha um papel fundamental na regulação da actividade enzimática. As pequenas moléculas referidas funcionam como inibidores (I) ou como activadores (A) alostéricos, e os seus centros de fixação encontram-se localizados em regiões distintas da molécula proteica.
Efeito alostérico
_____________________________________________________________________________________________________________________________________________