Fotos de cogumelos observados nos campos do Colégio da Mitra, Universidade de Évora

Autores das fotos: Paulo de Oliveira, Celeste Santos Silva, Maria Pimentel
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Nome científico
Trofismo Comestibilidade Data
Comentários
Entoloma micorrízico? tóxico? 2000.12 Também ocorreu em 2006.11. Trata-se dum entoloma de esporos isodiamétricos, provavelmente pertencente ao complexo grupo geralmente conhecido com o nome de E. sinuatum. Das duas vezes surgiu no mesmo local sobre o sistema radicular duma azinheira.
Ganoderma lucidum lenhícola nula 2001.12 Espécie muito fácil de reconhecer, vimo-lo desnvolver-se a partir dum primórdio digitiforme até ser colhido e fotografado. Certas estirpes desta espécie são cultivadas no Extremo Oriente para uso na Medicina Tradioional Chinesa.
Otidea buffonia micorrízico nula? 2002.12 Também ocorreu em 2006.11. Trata-se dum ascomiceto relativamente comum a partir da altura em que o tempo começa a esfriar a sério.
Clitocybe maxima humícola medíocre 2002.12 Frutificação muito abundante apenas em 2002, cada corpo frutíforo começa por ter uma uma margem enrolada, e só depois com a expansão (atinge facilmente 15 cm de diâmetro) adquire o formato clitocibóide. Distingue-se de C. geotropa pela ausência de umbo no centro do chapéu. Apareceu a formar um anel de fadas (a área em destaque é ampliada na imagem de baixo)
Craterellus? micorrízico boa 2002.12 Não foi formalmente identificado, mas tem a aparência da chamada trombeta dos mortos (Craterellus cornucopioides), que apesar do nome é um bom comestível. As referências ao trofismo e à comestibilidade deste exemplar são dadas sob reserva
Helvella lacunosa micorrízico medíocre 2002.12 Ocorrência comum nos outonos quando o tempo esfria a valer. Atenção à comestibilidade, há quem o considere bastante bom, mas em todos os casos é tóxico se não for bem cozinhado.
Pleurotus lenhícola 2002.12 Pela morfologia (pé lateral curto, chapéu com lâminas, entre outros aspectos) e ocorrência (lenho, neste caso o tronco dum sobreiro) pertence ao género Pleurotus, mas a determinação não foi feita. A comestibilidade dentro do género é desde nula a boa
Ramaria abietina? micorrízico? nula 2003.11 Também ocorreu em 2006.11. Das duas vezes apenas se conseguiu uma aproximação, não havendo uma correspondência satisfatória com as descrições consultadas. Há espécies deste género que são tóxicas, e algumas são consideradas micorrízicas.
Amanita ceciliae micorrízico nula? 2003.11 Notar a disposição dos restos de véu universal no exemplar maduro, a textura do pé e a ausência de anel. O exemplar jovem sugere muito bem a cobertura inicial pelo véu universal. Frutificação gregária, estava associada a azinheiras.
Cortinarius trivialis micorrízico nula 2003.11 Como o nome indica, é muito comum, observa-se praticamente todos os anos, caracterizando-se pela viscosidade no chapéu e no pé, pelos restos de cortina a formar cinturas e pela cor das lâminas (lilás) nos exemplares jovens.
Lactarius micorrízico 2003.11 Não foi identificado à espécie. É um caso curioso de fusão entre micélios, neste caso ao nível do chapéu. A comestibilidade dos lactários varia entre nula e boa.
Polyporus tuberaster lenhícola nula 2004.11 Primórdios já com o himenóforo poroso mas ainda sem terem expandido o respectivo chapéu para atingirem a morfologia pleurotóide. Distingue-se de espécies próximas pelo odor anisado
Psathyrella grizeofulvia humícola nula 2004.11 Exemplar isolado, recoberto de gotículas de orvalho
Amanita phalloides micorrízico venenoso 2004.12 Espécie comum em todos os sistemas com Quercus e também já observada em pinhais, causa do maior número de envenenamentos mortais na Europa, pelo menos nas épocas de Verão-Outono. Na verdade, já tinha sido identificada em saídas de campo nos outonos de 2002 e 2003, e tem continuado a aparecer. Possui uma volva em forma de saco bem desenvolvida, anel membranoso algo frágil, cores de chapéu caracteristicamente esverdeadas sobre tom amarelo, embora possa ser só amarela e às vezes albina, com um fino desenho radial, sendo também característicos da espécie a leve textura zebrada do pé abaixo do anel e o cheiro floral como crisântemos (a lembrar os velórios).
Cortinarius glaucopus micorrízico nula 2004.12 Frutificação com dois exemplares, associados a carrasco, o mais jovem ilustra muito bem a presença de cortina e tem chapéu de tom vináceo, sendo facilmente visível o pé bulboso, enquanto o exemplar maduro tem um tom mais ruço, com margem diferenciada do restante chapéu. Muitos cortinários só se podem identificar quando se dispõe de indivíduos em diferentes estádios de desenvolvimento, mas felizmente o desenvolvimento de corpos frutíferos deste género costuma ser múltiplo e assíncrono
Lactarius chrysorrheus micorrízico nula 2004.12 Talvez o mais comum dos lactários em sistemas de quercíneas no Alentejo. A zonação concêntrica no chapéu (aqui não muito visível) e o látex abundante, inicialmente branco e depois de tom amarelo claro, como também se constata depois de abrir-se o corpo frutífero, são características desta espécie
Psathyrella pseudocasca humícola nula 2004.12 Dois exemplares ainda jovens, associados à manta morta de carrasco. Notar os restos de véu universal sobre o chapéu e a margem apendiculada
Marasmius oreades humícola boa 2005.11 Também ocorreu no Outono de 2006, sendo mais exuberante no início da estação, e continua a aparecer com regularidade. É uma espécie com lâminas livres e forma um anel de fadas à volta duma oliveira ao lado da escadaria. Inicialmente pareceu-me ver granulações siderófilas nos basídios e daí fui levado a pensar que era um Tephrocybe, mas Gabriel Moreno (Universidade de Alcalá de Henares) corrigiu-me.
Agaricus pseudopratensis humícola medíocre? 2005.11 Tem aparecido nas traseiras do anel, inicialmente junto dum sobreiro à beira da escadaria. A identificação é dada com alguma reserva, e a comestibilidade não é de certeza boa
Lycoperdon perlatum micorrízico? medíocre 2005.11 Estes dois exemplares mostram extremos da morfologia desta espécie: o mais jovem, com pequenas dimensões, globoso e ainda com as ornamentações do perídio; o mais maduro, já sem essas ornamentaçóes (embora se note um leve desenho reticulado à superfície, que deve ser reminiscente da presença delas), provavelmente perdidas com a chuva (este exemplar encontrava-se no meio de sargaços sem qualquer conbertura de arvoredo), e com um tamanho excepcionalmente grande (quase 10 cm de comprimento) e ovóide
Psathyrella candolleana humícola nula 2005.11 De longe a maior das psatirelas, aqui a maior parte ainda estão num estado muito jovem com o chapéu quase esférico a cónico como é habitual no género. Os exemplares mais desenvolvidos (vêem-se as lâminas de um à direita, e o corpo frutífero doutro na foto a preto-e-branco inserida) têm o chapéu quase plano, pé oco muito alto (quase 20 cm) e consistência bastante frágil. Estas frutificações apareceram em abundância por detrás do relvado à direita da escadaria (como quem desce), no meio dum emaranhado de ramos mortos
Stropharia coronilla humícola nula 2005.11 Alguns exemplares que apareceram na zona pratícola adjacente à cisterna, junto ao atalho que desce a partir do edifício do ICAM. Lindas cores, e boa preservação das textoras do pé
Volvariella gloiocephala humícola medíocre 2005.11 Abundante frutificação no prado por trás do relvado da escadaria (à direita com quem desce), onde já aparecera antes em 2003, pelo menos. O exemplar jovem mostra como está disposto o véu universal. Fácil de distinguir do género Amanita pelo tom rosa dos esporos. Espécie nitrófila, também é frequentemente associada a palha de gramineas.
Bovista plumbea humícola medíocre 2005.11 Também ocorreu, até em abundantes quantidades (foto de conjunto), em 2006.11. Quando jovem é branco, globoso (é possível que na foto se trate de dois corpos frutíferos contíguos que fundiram) e com rizóide, mais tarde tornando-se escuro (donde o epíteto). Apareceu no rpado à direita do edifício do ICAM.
Amanita ovoidea micorrízico medíocre 2006.10 Associado à azinheira defronte do refeitório, mas caracteristicamente a grande distância (o mesmo se viu no exemplar colhido na Arrábida em Dezembro de 2005). O anel flocoso e sobretudo as grandes dimensões e a aresta também flocosa (detalhe das lâminas) são diagnosticantes
Scleroderma cepa? micorrízico tóxico? 2006.10 Abundantes, têm cor amarela, pseudo-estipe curto e abrem em estrela para libertar os esporos. A identificação à espécie não foi feita, mas o género Scleroderma é na melhor das hipóteses de comestibilidade nula
Scleroderma citrinum? micorrízico tóxico 2006.10 Embora relativamente pequenos para o que é usual para a espécie, devem tratar-se (pela textura do perídio) de S. citrinum, que é uma espécie tóxica

Outro exemplar (2007.10)
Amanita caesarea micorrízico boa 2006.11 Um dos melhores comestíveis que se conhece, fácil de identificar pela cor laranja do chapéu, a cor amarela das lâminas e pé, a volva branca em forma de saco, os restos de véu universal no chapéu formando uma única calote, e a margem ligeiramente mas distintamente estriada (estes dois últimos caracteres não são evidentes nas fotos). A única confusão é com A. muscaria, e apenas para quem não tiver o necessário sentido de observação (cores do pé, forma da volva...). Pode comer-se tanto em "ovo" como quando maduro, é sempre excelente
Amanita muscaria micorrízico tóxico 2006.11 Já há muito tempo que se sabe que o famigerado 'Soma' védico não é Amanita muscaria. Isso não lhe retira protagonismo como enteogénico, incluindo para os exemplares que se encontram em povoamentos de folhosas ou resinosas em Portugal. Em todo o caso, é considerado um tóxico que produz formas menos graves do síndrome panterínico. Notar os restos de véu universal em flocos sobre o chapéu, a textura "lascada" do pé abaixo do anel, a volva circuncisa, a estriação da margem. Este exemplar encontrava-se num pequeno grupo de frutificações entre sobreiros, mas também já foi visto (CNEB 2003) num eucaliptal no sopé do Castelo do Giraldo, provavelmente em associação com Cistus
Astreus hygrometricus micorrízico? nula 2006.11 Mais conhecido pela forma de estrela do chão (ver aqui) estas fotos documentam o estado inicial da frutificação, ainda com o exoperídio fechado. Numa delas, vê-se a gleba. Agradecimentos ao Rogério Louro pela identificação
Boletus aereus micorrízico boa 2006.11 Um dos boletos de melhor qualidade. Reconhecível pela combinação de cores (himenóforo esbranquiçado até bastante tarde, chapéu castanho escuro, pé castanho com reticulado)

Outro exemplar (2007.10)
Boletus edulis micorrízico boa 2006.11 Um excelente boleto, começa por ter tubos bege mas passam logo a amarelo e mais tarde a amarelo-esverdeado. Ao contrário do que se diz, em todas as fases é de primeira qualidade, desde que esteja bem preservado. As imagens nos guias além-Pirinéus não correspondem ao que se vê por cá. A margem do chapéu pode ou não ser esbranquiçada (em exemplares jovens é), mas a amneira de tirar as dúvidas é obervar o tom rosado da subcutícula. Como os outros boletos, tende a ser precoce no Outono
Boletus impolitus micorrízico medíocre 2006.11 Boleto com tubos sempre amarelos, e carne amarela, pelo menos no córtex, cheiro iodado, não é considerado grande pitéu. Associado a sobreiro ou (nestas fotos) a azinheira
Cantharellus cibarius micorrízico boa 2006.11 Comestível muito apreciado, começa por ter um chapéu plano-convexo com margem encurvada mas à medida que expande tende para tornar-se côncavo com margem lobada bastante irregular. Não tem verdadeiras lâminas, mas sim pregas que se prolongam pelo pé. Há quem o confunda com Omphalotus, que tendem a aparecer associados a oliveiras, enquanto a associação aqui na Mitra é com sobreiros ou azinheiras (sem excluir pinheiros)
Hohenbuehelia repanda lenhícola nula? 2006.11 Género de morfologia pleurotóide, confirmado pelos cistídeos metulóides característicos, e com subcutícula gelatinosa (exemplar da direita). Esta espécie é mediterrânica e o grupo de corpos frutíferos foi encontrado na base dum pinheiro defronte da biblioteca.
Lepiota sublaevigata humícola tóxico? 2006.11 Todos os lepiotas são tóxicos, e alguns são venenosos. Esta espécie tem a particularidade de apresentar uma zona anelar oblíqua no pé. O género Macrolepiota, comestível, é fácil de distinguir por apresentar um anel membranoso, simples ou complexo, e ter dimensões bastante maiores do que os meros 3 cm deste exemplar
Macrolepiota excoriata humícola boa 2006.11 Mais pequeno, menos conhecido e mais suceptível de ocasionar confusões que M. procera é igualmente bom comestível. Anel simples, pé estriado longitudinalmente, cutícula escoriando-se a partir da periferia (mas há que ter-se algum cuidado na distinção dalguns Leucoagaricus). Tende a aparecer em grupos, embora em 2003 se visse um exemplar isolado
Macrolepiota procera humícola boa 2006.11 Grande chapéu, geralmente coberto de escamas, pé relativamente esguio e alto (donde o epíteto) exibindo um zebrado característico e um anel duplo (ascendente e descendente). Quando jovem, chapéu esférico já escamoso. Dos melhores comestíveis, conhecido um pouco por todo o lado em Portugal
Russula chloroides micorrízico nula 2006.11 Muito comum, tem aparecido quase todos os anos associado a sobreiro ou azinheira. Começa por ter um chapéu de margem curvada e umbilicado, para depois se tornar afunilado. É importante assegurar, pela morfologia, que se distingue de R. delica (esta tem lâminas mais altas que a espessura do chapéu e a concavidade do chapéu é larga, nunca umbilicada). As gotículas nas lâminas (secção Plorantes) observam-se nos exemplares jovens; em relação à existência dum "colar" esverdeado no ápice do pé, nunca se confirmou no abundante material observado
Russula vesca micorrízico boa 2006.11 Relativamente comum, é em comestibilidade uma das melhores rússulas. Reconhece-se pela tendência para a margem se fender radialmente e sobretudo pela cutícula que não chega à margem. A cor deste exemplar era cinzenta, mas há muitas variedades e formas nesta espécie
Suillus micorrízico nula 2006.11 Não identificado até à espécie, conjunto de três corpos frutíferos associados a sobreiro. O género Suillus inclui apenas um par de espécies cometíveis, e não se trata desta
Boletus spretus micorrízico nula 2007.10 Grupo de cerca de 10 a crescerem sob a copa duma azinheira; característico pela cor do pé quase até ao ápice (chapéu é geralmente descrito como concolor), também pela sua base atenuada, e tubos amarelo vivo como as restantes espécies da secção Fragrantes.
Gyroporus castaneus micorrízico nula 2007.10 Só na aparência semelhante aos boletos, contudo tem um pé estreito e caracteriza-se por tubos muito regulares e estreitos, sempre de tom esbranquiçado, esporada amarelo vivo e sobretudo pelo pé quebradiço e cavernoso (neste exemplar, aparentemente jovem, ainda se notavam pouco as cavidades).
Amanita malleata micorrízico nula 2007.10 Pé delicado, sem anel, volva muito frágil em forma de saco, chapéu cinzento escuro com margem estriada e coberto de restos de véu universal. Muito referenciadas as características depressões na superfície do chapéu, como se tivesse sofrido umas marteladas (donde malleata). O pé pode ser mais acinzentado do que neste exemplar.
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